ENTENDA MAIS – GUIA DE NOÇÕES BÁSICAS PARA MONTAR SEU SKATE
Neste guia, você aprenderá regras básicas que se aplicam para a montagem de um skate, tanto para iniciantes, como amadores e profissionais. Ajudando-lhe a deixar seu skate completo, suprindo suas necessidades.
Primeiramente é importante salientar que, a escolha de peças para a montagem de um skate não se trata de uma “receita de bolo”, e sim de uma série de noções físicas em que devemos conhecer, para aplicá-las ou não, obtendo resultados específicos.
Em segundo e igualmente importante é que, as informações a seguir tratam-se de um auxílio e não de algo absoluto. Sendo primordialmente importante a adaptação do praticante e seu desenvolvimento, junto a diversão proporcionada pelo esporte.
ESCOLHENDO UM SHAPE:
Todos os shapes (peça de madeira, principal que integra a formação do skateboard) possuem leves variações em seus formatos, que distinguem características da manufatura de cada fabricante. Porém, o que devemos nos atentar são as especificações de largura do shape.
A maioria dos fabricantes, produzem peças em tamanhos específicos – sempre medidos em polegadas – mas em si, existem três larguras principais que simbolizam a transição de modalidades, dentro da prática do skate;
- 7.5” polegadas de largura – Caracteriza um shape fino e leve, muito utilizado para a modalidade “Street”. Na prática é preferencialmente escolhido por crianças, praticantes recém-introduzidos no esporte ou por profissionais que visam alta performance em movimentos técnicos e ágeis.
- 8.0” polegadas de largura – Caracteriza um shape mais largo e de maior estabilidades, obviamente mais pesado, frequentemente utilizado na modalidade “Vert”. Na prática é preferencialmente utilizado por quem deseja mais controle em suas manobras de giro mais lento, melhor performance no salto de rampas e grandes obstáculos (Gaps), além da estabilidade em pistas rápidas como nas “piscinas” (Bowls, também chamados de Pool Riding).
- 8.5” polegadas de largura – Caracteriza um shape muito largo e de controle linear, utilizado quase que inteiramente para a modalidade “Vert”, ou para “rodar” nas ruas (cruising). Ná prática é um shape de difícil execução de manobras no solo, mas de incrível estabilidade e controle em Bowls e rampas verticais (Half-pipes e mini-ramps) , além de que, é uma frequente opção escolhida pelos saudosista dos velhos tempos do skate, que preferem os formatos antigos de shapes denominados de Old-School (ou Tubarão).
Existem uma ampla variedade de tamanhos que permeiam entre estas três “principais” larguras citadas, além de suas inúmeras diferentes formas de utilização, mas como estamos apenas adquirindo as noções básicas, deixaremos para nos aprofundar mais em um guia avançado. Podemos então seguir o assunto adiante.
Você deve estar se perguntando a respeitos das modalidades que citamos, certo? Bem, agora que você possui o conhecimento prévio das larguras e funções dos shapes, abriremos um pequeno parêntese sobre elas, pois também são importantes para a escolha de suas peças, afinal, ajudam a melhor definir qual função você deseja que suas peças cumpram.
“STREET” – Modalidade que consiste no skate praticado na rua, tendo como variação pistas próprias (skateparks) que recriam a experiência de rua através de obstáculos planejados, além do Freestyle que os dispensa e concentra-se apenas na técnica do domínio do skate em solo. Ou seja, “Street” é a modalidade de solo.
“VERT” – Modalidade que consiste no skate trabalhado na vertical, uso de grandes rampas (half-pipe), manobras aéreas envolvendo grande altitude e velocidade, tendo como sua variação a prática em piscinas (bowls) e nas chamadas MEGA-Rampas ou Big-Air. Ou seja, “Vert” é a modalidade aérea do skate.
“DOWNHILL” – Modalidade que consiste na velocidade, descidas de grandes ladeiras e estradas em declive, voltadas para produzir a máxima velocidade enquanto seus “pilotos” esforçam-se para controlar seus skates, possuindo variações como a “Downhill-slide” que visa manobras durante essas descidas e a “Slalom”, que remonta a criação do esporte sobre o intuito de surfar no asfalto. Ou seja, “Downhill” é uma modalidade que visa a velocidade.
ESCOLHENDO TRUCKS:
Para evitar efeitos adversos e indesejados em seu skate, lembre-se da dica “MANTENHA-O SIMÉTRICO”. A configuração de tamanhos e funções das peças as quais você irá escolher, devem ser sempre compatíveis, ou essa diferença lhe trará efeitos que podem atrapalhar sua prática, então só faça a mesclagem de tamanhos destas peças quando você souber seus efeitos, e desejá-los.
Bem, primeiramente o “truck” – chamado também no Brasil de eixo – possui dois aspectos importantes em que devemos prestar atenção na hora de sua compra; a largura, que impactará e será impactada pela escolha do tamanho de seu shape, e sua altura, que impactará na escolha das rodas. Veja os exemplos:
- LARGURA – Que é medida em milímetros – e no Brasil – retirada na horizontal do início ao fim da peça superior do truck, que chamamos de TRAVE, comumente trabalhada em quatro medidas padrão.
Observação: Esta medida no Estados Unidos é retirada de maneira diferente, medindo de uma ponta a outra do parafuso que trespassa a trave do truck (chamado de prisioneiro), gerando consequentemente uma medida maior para a mesma peça. Atente-se na compra de peças importadas ou sites estrangeiros.
Além destes quatro tamanhos padrão apresentados na figura acima, existem outros desenvolvidos como “assinatura” de seus fabricantes, que tramitam entre estes, porém não são amplamente utilizados, então não citaremos neste guia básico. E por si só, as variações representadas acima, que implicam e representam a transição de estilos, modalidades e efeitos práticos em seu skate.
A largura de seus trucks, devem condizer às de seu shape, sendo recomendada os seguintes padrões assimétricos:
- Trucks de 129mm – Para shapes com a de largura de 7.5” a 8.0” polegadas.
- Trucks de 139mm – Para shapes com largura de 8.0” a 8.2” polegadas.
- Trucks de 149mm – Para shapes com largura de 8.2” a 8.5” polegadas.
- Trucks de 159mm – Para shapes com largura de 8.5” a 9.0” polegadas.
- ALTURA – Que também é medida em milímetros, sendo retirada na vertical da base do truck até o final de sua trave, porém, tais medidas são categorizados em apenas três tamanhos, que limitaram o diâmetro das rodas que poderão ser utilizadas;
- LOW – Leveza e agilidade para manobras de giro, comumente usado no Street. Já no quesito velocidade (Downhill), é a categoria de altura principal – combinado a trucks mais largos – afinal quanto mais próximo ao chão mais baixo torna-se o centro de grávida, menos fluxo de vento circula entre o skate e o chão, resultando em mais controle e equilíbrio. Recomenda-se o uso de rodas entre 50 – 53mm na modalidade Street, e para o Downhill de 60mm e maiores.
- MID – Multi funcionalidade, o truck nesta categoria de altura se enquadra bem para quase todas as funções (Overall). Recomenda-se o uso de rodas entre 53 – 56mm.
- HIGH – Maior estabilidade e controle em bordas, perfeito para Halfs e Bowls, sempre usado no Vert. Recomenda-se o uso de rodas de 56mm e maiores.
EM RESUMO: para a modalidade Street, peças menores e mais finas são mais recomendadas (Shape: 7.5” polegadas. Trucks: 129mm low). Já para a modalidade Vert, as recomendadas são peças mais largas (Shape: 8.5” polegadas. Trucks: 159mm High), e para a configuração de peças para Downhill, necessita-se de uma análise mais complexa e focada em qual será a função prática desejada.
Como a advertência inicial nos alerta, a largura de seu truck deve ser compatível com a de seu shape, pois um truck com largura mais curta, tornará seu skate mais propenso a quedas em caso de pressão lateral (força centrífuga), como curvas em alta velocidade ou “carvings” em piscinas durante a execução de manobras. Assim como também, um shape fino com trucks mais largos na altura low, causará um efeito mais rente ao chão, que tornará difícil a execução de manobras de giro, dificultando seu uso para o Street. Porém, o mesmo padrão de peças voltado para o Dowhill o tornaria ótimo.
Ou seja, efeitos diversos que podem ser propositadamente causados de acordo com o desejo de seu praticante, mas que demandam um conhecimento básico para serem utilizados ou evitados. Vamos Adiante.
ESCOLHENDO RODAS:
Como você pode ver nas informações acima, a escolha de seu truck influenciará na escolha de suas rodas, e elas por sua vez, determinarão a forma em que seu skate correrá e o quanto de força centrífuga ele suportará, antes de perder a aderência com o solo.
O que devemos ter em mente também, é que as rodas não são compostas por um único material, mas sim de vários, que compõem uma FÓRMULA de fabricação, sendo o melhor material base para sua criação o POLIURETANO. Cada marca desenvolve suas próprias fórmulas e as categorizam com nomes próprios, normalmente associados a seu desempenho na utilização prática, como: a série de rodas Street Tech Formula-STF da marca Bones, ou a Formula 1-F1 da marca Spitfire.
Além de suas fórmulas, para escolhermos a peça ideal devemos nos atentar a três fatores importantes, seu diâmetro, sua dureza e sua área de contato com o solo (seu perfil). Veja os exemplos:
- DIÂMETRO – Medido em milímetros do topo da roda até a parte inferior, determinando seu tamanho. Existem rodas de diversos diâmetros e “formas”, porém os tamanhos mais amplamente trabalhados pelas marcas são de 51 – 60mm, tendo como conceito base: rodas maiores igual a mais velocidade e rodas menores menos velocidade.
- DUREZA – Medida retirada através do Durômetro Shore, que escalona o grau de rigidez das rodas, determinando-as como macias ou duras. O conceito base é: rodas de alta dureza são mais rápidas, já as macias são mais lentas, porém, possuem maior aderência ao solo, tornando-as boas para o Downhill e mais eficientes para absorção de impactos. Normalmente encontramos disponível no mercado, rodas escalonadas nas seguintes especificações:
- DUREZA – A; dentro deste padrão de medidas (Durômetro Shore), a escala de medição mais usada para o material das rodas de skate, é em “A” precedido por um número que varia de 1 – 101, sendo crescente o nível de dureza.
- DUREZA – D; a segunda escala mais usada entre as rodas, determina a medição de um material plástico mais duro que a escala-A, normalmente praticado para medir rodas voltadas para a manobra “Slide” (deslizar com as rodas, fora de seu padrão natural de deslize) devido a sua pouca aderência ao chão. Ela também possui a letra precedida por números que varia de 1 – 101, em ordem crescente ao nível de dureza.
- DUREZA – B: rodas de extrema dureza, impressionantemente rápidas porém, quase sem aderência ao solo.
- PERFIL; a faixa central do perfil da roda que toca o solo. Devemos nos atentar às diferenças nos perfis de rodas, que significam a redução ou o aumento da área de contato no solo, impactando significativamente na aderência da roda, gerando uma pronta resposta para certas modalidades ou maior estabilidade para outras. Seu conceito base é: quanto mais área de contato, mais força centrífuga ela será capaz de suportar sem “escorregar”, e quanto menor a área, menos aderência, menos resistência a força centrífuga, porém maior a velocidade.
- RODAS – LISAS OU COM RANHURAS: Embora não vemos esta questão sendo amplamente discutida, essa diferenciação entre as rodas apresenta efeitos práticos; ranhuras em seu ponto de contato (perfil), simbolizam menos atrito entre a roda e o chão, o que a possibilita atingir mais velocidade final. Já as lisas, significam maior ponto de contato, mais atrito e melhor estabilidade.
EM RESUMO: A escolha de um conjunto de rodas “perfeito”, é em grande parte experimentação prática, você deve ao longo do tempo testar fórmulas diferentes, formatos e marcas, até encontrar um equilíbrio de combinações, que de fato, atendam suas necessidades e supram sua pessoalidade no esporte.
Porém, os padrões via de regra são: quanto maiores as rodas melhores elas serão para velocidade (padrões característicos para a modalidade Downhill), quando o desejo de velocidade soma-se à estabilidade e controle, busque rodas com perfil largo e bastante área de contato, além de mais macias para maior aderência; lembrando que esta combinação resultará em um conjunto mais pesado de peças, e por tanto não se é de COSTUME, utilizar para o Street, ocorrendo então para a melhor combinação desta modalidade, o inverso. Conjuntos de rodas menores, mais duras, de perfil fino com pouca área de contato, são mais leves e mais comumente utilizadas na prática do Street, pois terá uma resposta melhor a manobras mais rápidas e técnicas.
Sendo assim, estas duas modalidades são a representação de maior extremo oposto para o skate, ou seja, qualquer outra modalidade e variação prática, encontra-se em um equilíbrio de combinações que permeiam entre elas.
Isso conclui nosso “ENTENDA MAIS – GUIA DE NOÇÕES BÁSICAS PARA MONTAR SEU SKATE”, e você deve estar se perguntando, onde está o resto de nossas informações sobre as demais peças? Bem, a respeito das peças faltantes como LIXA, PARAFUSARIA e ROLAMENTOS, não explicaremos neste guia, mas sim, em sua continuidade em nosso “GUIA AVANÇADO” sobre peças. Mas não se preocupe, tais peças possuem variações tecnológicas de desempenho, porém não de função, então suas diferenças não alterarão a funcionalidade primordial de cada peça, sendo assim, resolvemos explicá-las melhor e desvendar suas características de fabricação, em um outro volume.